O ano em que os museus viraram costume no país
Nelson Colás
No ano em que a Federação de Amigos de Museus do Brasil (Feambra) comemora 30 anos de existência no Brasil, é importante recordar que 2019 tem sido rodeado de momentos distintos na vida museológica nacional. Nesse período, o trabalho de conscientização dos museus com a função de expor, informar, divertir e educar a população foi bastante intenso, por meio de grandes exposições.
Destaco o número expressivo de visitantes aos museus brasileiros. No Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), por exemplo, a exposição da Tarsila do Amaral superou o total de 402 mil pessoas, tornando-se a mais vista na história do local. A visitação à exposição foi maior do que a quantidade de visitas ao Louvre, na França, no mesmo período.
Mais visitantes aos museus no Brasil deve-se ao processo de inovação que tem ocorrido na administração desses estabelecimentos. Estratégias como o uso das redes sociais, exposições com obras focadas em determinados grupos e a transformação da linguagem de contato foram alguns pontos responsáveis por essas melhorais.
Além de mais visitantes, existe um aumento no processo participativo da sociedade brasileira em prol dos museus. Em alguns, como o da Inconfidência, em Ouro Preto (MG), os cidadãos abraçaram a causa com doações, apoio na gestão e, principalmente, na divulgação. Trata-se de um empenho coletivo que tem sortido efeito.
O ano também teve uma importante notícia sobre as leis de incentivo à cultura. O limite de R$ 1 milhão de captação não ocorrerá para a construção de teatros e cinemas em cidades pequenas, restauração de patrimônio tombado e planos anuais de entidades sem fins lucrativos, como museus e orquestras.
Ainda existem desafios a serem vencidos em relação à manutenção e preservação do nosso patrimônio. Há quase um ano, presenciamos a tragédia do Museu Nacional em chamas. Nesses momentos, é preciso ampliar o debate sobre a união do poder público ao social, para garantir mais eficiência no que diz respeito à gestão da história e da cultura brasileira.
Mesmo assim, tudo indica que a próxima década trará mais resultados positivos. Para 2020, estão confirmadas, em importantes museus brasileiros, exposições de destaque, como a de Edgar Degas e Hélio Oiticica.
O Brasil possui cerca de 3.800 museus em atividade e a Feambra quer ampliar o seu atendimento museológico, orientando na formação e gestão de associações de “amigos” desses estabelecimentos.
Perpetuar a união das forças sociais é essencial na promoção do desenvolvimento cultural. Para a próxima década, queremos manter o processo de história viva e em constante movimento, para que nossos futuros cidadãos a conheçam, admirem e façam melhor no futuro. Para isso, os passeios museológicos como rotina são essenciais para alcançarmos esse objetivo.
Diretor de Relações Institucionais da Feambra (Federação de Amigos de Museus do Brasil)