Ofertas de ações ensaiam retomada no segundo semestre

Ofertas de ações ensaiam retomada no segundo semestre

Por Natalia Gómez

A crise fez 26 empresas suspenderem seus planos de abrir capital na bolsa este ano. Mas agora, com o reaquecimento do mercado acionário, várias companhias estão retomando este movimento, e o segundo semestre de 2020 promete ser agitado.

De acordo com a auditoria Grant Thornton, são esperadas em torno de 40 a 50 operações ainda em 2020. A própria Grant Thornton está envolvida atualmente em seis operações em andamento, de três segmentos de negócios distintos.

Embora a tendência para as ofertas de ações seja positiva, as empresas enfrentam vários desafios neste caminho, como a precificação dos papéis e a instabilidade do mercado. Por isso, os investidores devem ter cautela na hora de escolher as ofertas das quais desejam participar.

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A fila de ofertas está andando

Existem vários motivos que explicam a retomada das ofertas de ações, mesmo que a pandemia mundial ainda esteja em curso. Um deles é o recente retorno do índice Ibovespa ao patamar de 100 mil pontos.

Ao mesmo tempo, existe uma grande liquidez no mercado, ou seja, muito dinheiro procurando um destino rentável. “Existe muita liquidez, os preços dos ativos começaram a subir, e as empresas querem aproveitar esta retomada para captar recursos”, explica a assessora de investimentos Clara Sodré, da EQI Investimentos.

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Outro motivo que está fazendo a fila de ofertas públicas iniciais (IPOs) andar é a queda na taxa de juros. Com a Selic em níveis tão baixos, o mercado acionário tem ficado mais atrativo aos investidores.

Vale lembrar que a perspectiva da Selic é de 2% para o fim deste ano. Para o fim de 2021, é de 3%. Ao mesmo tempo, a expectativa do IPCA para os mesmos períodos é 1,72% e 3,01%, para 2020 e 2021, respectivamente.

“Dessa forma, se alguém quiser ter alguma remuneração acima da inflação precisará tomar mais risco, sendo o mercado de ações uma opção viável”, explica João Rafael, sócio líder da área de Capital Markets da Grant Thornton.

Nem tudo são flores

Embora os IPOs estejam sendo retomados, existem vários desafios para as empresas. Um deles é a precificação das ofertas.

Segundo o advogado Marcos Roberto de Moraes Manoel, coordenador da área de Direito Empresarial e dos Negócios do Nelson Wilians & Advogados Associados, as empresas estão com dificuldade de precificar seus IPOs a um preço justo que será aceito pelo mercado.

Isso ocorre porque a precificação das ações é feita com base na avaliação econômica das empresas. E é mais difícil fazer esta análise atualmente. “Diante da crise, é difícil fazer previsões futuras de receitas e fluxos de caixa”, explica o advogado.

Além da incerteza sobre uma vacina ou tratamento para o coronavírus, existem dúvidas sobre novos movimentos de abertura e fechamento das economias. Todo este contexto torna muito difícil qualquer projeção futura para as empresas.

Os especialistas não descartam que parte destes IPOs fiquem do papel. “Não apenas a pandemia, mas as incertezas políticas e institucionais podem refrear o movimento das companhias”, alerta o advogado Walfrido Warde, especialista em direito societário do Warde Advogados.

A incertezas também atrapalham a visibilidade dos investidores. Segundo Warde, fica mais difícil para a pessoa física escolher as melhores operações atualmente. “É um momento delicado para a pessoa física fazer uma análise fundamentalista dos papéis.”

Como o investidor pode surfar esta onda

Apesar dos desafios, o investidor pessoa física não precisa ficar de fora deste movimento. A questão é saber escolher as melhores ofertas e contar com o apoio de profissionais especializados.

A grande vantagem de comprar ações de uma empresa na oferta inicial é conseguir bons preços. Se a companhia for boa, a tendência é que o papel se valorize no longo prazo.

Por outro lado, comprar uma ação em uma oferta secundária não oferece esta vantagem, mas permite ao investidor já conhecer o histórico da empresa e de suas ações.

De acordo com a assessora de investimentos da EQI, os IPOS que ocorreram recentemente tiveram perfis distintos.

Alguns foram bem recebidos pelo mercado, enquanto outros abriram em queda. “Por isso, vale a pena analisar cada oferta e como o mercado está enxergando a operação”, explica.

Um dos fatores que deve ser olhado nas ofertas é a destinação dos recursos. Algumas empresas decidem abrir capital para ampliar os negócios, fazer aquisições, ou superar uma crise.

De acordo com Clara, este é um ponto que sinaliza se a operação é promissora ou não.

Outro ponto importante é analisar como a empresa está posicionada em relação ao atual momento econômico. Isso porque estamos vivendo um momento de deflação e redução no consumo. “É sempre bom ver o histórico da empresa e como ela se situa no contexto atual.”

Os fundamentos da companhia e a percepção que o mercado tem sobre ela também são pistas importantes na hora de avaliar um IPO.

Finais felizes, outros nem tanto

Um exemplo de IPO que foi mal recebido pelo mercado no ano passado foi o do Banco BMG. Com uma forte queda das ações após a operação, o banco ficou entre os piores exemplos de IPO do ano passado.

Ao mesmo tempo, há casos de sucesso, como o das empresas Neoenergia e da Mitre, que estrearam com valorização dos papéis.

Para setembro, novos nomes são aguardados pelo mercado, como Quero-Quero, Petz, You Inc, Grupo Soma, Pague Menos, Profarma e o BR Partners.

Mas neste ano, mesmo com a pandemia, ocorreram as ofertas da Estapar, da Ambipar e da Aura Minerals

Movimento de ofertas é positivo

Embora existam dúvidas sobre o fôlego da nova onda de IPOs, a abertura de capital das empresas é algo positivo para o mercado.

Isso porque é mais barato para as empresas se financiarem por meio do mercado de capitais do que por meio de empréstimos com bancos.

“Acredito que a captação de recursos por meio do mercado de capitais é uma boa alternativa para as empresas, pois elas custam menos do que a tomada de empréstimos junto a bancos”, afirma o advogado do Nelson Wilians & Advogados Associados.

Além disso, IPOs são uma opção vantajosa em relação aos empréstimos e dependência de socorro governamental.

O segredo é ficar atento e procurar ajuda especializada antes de entrar de cabeça nos IPOs do segundo semestre.

https://www.euqueroinvestir.com/ofertas-de-acoes-ensaiam-retomada-no-segundo-semestre-de-2020/

 


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