
Exploração de petróleo: riqueza latente ou poço sem fundo?
Ao subsidiar a exploração, o país aprofunda seu retrocesso para um crescimento desigual
Por Livi Gerbase e Ricardo Fujii
Vários países discutem as ações a serem tomadas para estimular a retomada econômica pós-covid-19. A situação é vista por muitos como uma oportunidade de estimular atividades que estão em linha com a economia de baixo carbono e o desenvolvimento inclusivo, diretrizes importantes para qualquer sociedade que queira entrar no século XXI de forma consistente. Se incentivos públicos e vultosos investimentos são necessários para recuperar a economia, que sejam realizados tendo-se em vista o futuro que almejamos.
O Brasil tem boas razões para adotar essa estratégia: temos diversas vantagens competitivas na migração para uma economia de baixo carbono, em particular na adoção de fontes renováveis de energia. Os custos de produção são inferiores aos da maioria dos países e há abundância de alternativas em todo o território. Novas tecnologias estão em franco desenvolvimento, o que aumentará a versatilidade dessas opções. Por isso, não faz sentido que o governo promova investimentos para prospecção de petróleo e gás em fronteiras exploratórias, regiões onde há pouca informação geológica e, consequentemente, alto risco que acarretam maior chance de insucesso.(…)
Livi Gerbase é mestra em Economia Política Internacional pela UFRJ e assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos
Ricardo J. Fujii é engenheiro, doutor em sustentabilidade energética e responsável pela estratégia de transição energética no WWF-Brasil.
